Sem
o ET preso ao seu ventre, o veículo orbital está,
então, livre de todo o equipamento de propulsão
extra anexado para permitir a sua chegada ao espaço.
A
órbita nesse instante é elíptica de baixa
altitude. A permanência nessa órbita iria forçar
a reentrada do veículo na atmosfera. Assim, no ponto
mais alto dessa órbita, realizamos a primeira “queima”
(acionamento) positiva dos dois propulsores do OMS (Orbital
Maneuvering System). Esse procedimento é chamado OMS-1.
Esses dois foguetes, alimentados por hidrazina e localizados
na parte inferior do estabilizador vertical, produzem 6.000
libras de empuxo cada um. Essa queima aumenta a velocidade
da espaçonave e ocasiona um primeiro ganho em altitude
de órbita.
Depois
de aproximadamente 45 minutos (meia órbita), os propulsores
do OMS são acionados novamente para um segundo aumento
de altitude e circularização de órbita,
levando o veículo a uma altitude final de cerca de
400 quilômetros. Essa queima é chamada OMS-2.
A altitude final de órbita, assim como a necessidade
ou não da execução do OMS-1 são
ditados por fatores específicos de cada missão.
O Centro de Controle coordena todos os parâmetros junto
com a tripulação.
Durante
o período de inserção, a tripulação
toda tem atividades intensas na reconfiguração
dos sistemas para a órbita. O ônibus espacial
tem dois “decks”: o “flight deck”
e o “middle deck”. No primeiro, estão presentes
todos os controles de vôo do veículo. No segundo,
ficam os experimentos, o banheiro, materiais diversos, sacos
de dormir, e outros equipamentos de suporte. Enquanto o Comandante,
o Piloto e os Especialistas de Missão 1 e 2 preparam
os sistemas e comandam as queimas no “Flight Deck”,
os outros Especialistas de Missão, normalmente mais
3, preparam tudo no “middle deck”.
A
reconfiguração inclui mudanças de válvulas
nos sistemas de controle de atmosfera, sistema elétrico,
refrigeração, processamento de dados, sistema
de suporte à vida, controle de atitude, comunicação
etc.
Nas
próximas notas, continuaremos com a fase de órbita!
Grande
abraço a todos!
Marcos Pontes
Marcos
Pontes
Colunista,
professor e primeiro astronauta profissional lusófono
a orbitar o planeta, de família humilde, começou
como eletricista aprendiz da RFFSA aos 14 anos, em Bauru (SP),
para se tornar oficial aviador da Força Aérea
Brasileira (FAB), piloto de caça, instrutor, líder
de esquadrilha, engenheiro aeronáutico formado pelo
Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA),
piloto de testes de aeronaves do Instituto de Aeronáutica
e Espaço (IAE), mestre em Engenharia de Sistemas graduado
pela Naval Postgraduate School (NPS USNAVY, Monterey - CA). |